Enquanto as atenções estão voltadas para as sessões do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus pela tentativa de golpe de Estado, no Congresso, aliados do ex-presidente avançam nas investidas contra o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar pautar a proposta de anistia.
Nos últimos dias, enquanto as primeiras sessões aconteciam, um poderoso aliado entrou em campo para destravar o processo: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além de se reunir com Motta, Tarcísio tem articulado junto de líderes partidários, como PSD, PP, União Brasil e Republicanos, a adesão dos parlamentares e líderes à matéria. Apesar disso, ainda que o assunto esteja sendo incessantemente discutido, não há um texto oficial sobre a proposta de anistia.
A oposição, entretanto, se queixa do presidente da Câmara, que reluta em firmar um posicionamento. Segundo o deputado gaúcho Marcel van Hattem (Novo), o presidente da Casa não é mais “confiável” quando diz respeito ao assunto, visto que muda frequentemente as exigências para pautar a proposta.
Já parlamentares da base reclamam da pressão que o governador de São Paulo vem fazendo, inclusive sobre Motta. “A anistia não é mais sobre Bolsonaro, ela significa a viabilização da candidatura de Tarcísio”, analisou a deputada gaúcha Maria do Rosário (PT).
Essa também é a análise feita pelo professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Maurício Moya. Para ele, as movimentações de Tarcísio são um movimento com finalidade eleitoral, que busca firmar o apoio do ex-presidente à sua candidatura à Presidência.
Na prática, o pleito é conquistar o perdão para todos os envolvidos nos crimes cometidos em 2022 e 2023 que culminaram nos atos de 8 de janeiro, com a depredação da praça dos Três Poderes. A anistia, assim, incluiria desde aqueles que estiveram presencialmente nos atos, até aqueles que eventualmente planejaram, financiaram ou organizaram.
Leave a comment